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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dádiva ou perdição?


E todas as vezes ela sentia que a sua ilusória felicidade ia embora. Mas como saber se é realmente ilusão? A menina, que sempre defendeu a tese de que o amor não existe e que alegrias são tão passageiras quanto sorrisos ébrios de uma noite de sábado, agora está confusa.


O destino lhe pregou uma peça, e sem perceber ela se viu feliz, com um medo danado que essa sensação se esvaísse como a fumaça de um trago intragado, daqueles que ela tentou e não conseguiu, e aqui não falo só de cigarros, quero dizer, ninguém falou mesmo disto. Porcaria! Ela também não serviu pra isso.


E esse medo de sofrer, de onde vem? No fundo ela sabe. Mas sua razão também lhe diz que contos de fadas não acabam bem, sobretudo para aquelas que não são fadas, que não possuem castelos nem príncipes, e sequer acreditam em finais felizes... e já que não existem, ela vive cada alegria como se fosse a última, esperando um final que o seu coração teme a cada despedida, como que o objeto adorado pudesse perder-se nas esquinas da vida. E pode. Ele pode tudo, mas não deve saber.


As loucuras feitas e os pudores esquecidos pouco representam. Não há arrependimentos. E o sujeito feminino da frase encontra-se em estado de graça e agonia. Dolorosamente feliz, e irremediavelmente ferrada. Mas quem se importa? Ela, com certeza não. Ela só quer viver, seja seu amor uma dádiva ou até mesmo sua perdição.