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sábado, 23 de julho de 2011

PECADO

Foto: Elaine Oliveira



Hoje lembrei de uma tarde da minha adolescência ou (infância), nem sei, naquela idade que a gente sempre pensa já saber de tudo. Enfim, um dia como outro qualquer. Quando voltava das compras ao (mini)mercado com minha mãe, passamos em frente à casa de um senhor já meio idoso que morava sozinho com seus gatos em frente a uma igreja evangélica da cidade. Lembro da minha mãe ter ficado com um semblante triste, e de logo após admirar o senhor na janela de sua casa em seus aparentes devaneios solitários, ter exclamado:

- A coisa mais triste do mundo é uma pessoa morar sozinha, não ter ninguém que cuide quando estiver doente ou quando precise. Ninguém no mundo merece terminar assim.

Nem lembro o que eu disse naquele dia, mas hoje ao recordar o episódio me veio uma dor de mil facas penetrando a alma. Me senti a pior pessoa do mundo, e talvez eu seja. Confinei quem eu mais amo ao pior dos castigos, embora tenha me condenado ao mesmo mal. Aliás, somos três, cada um em seu lugar, mas com o mesmo objetivo: estarmos todos juntos um dia.

Acontece que a vida é agora! Ninguém me deu garantia do futuro. Odeio pensar na morte, mas penso quase todos os dias, e em nenhuma dessas vezes encontrei resposta para uma vida sem meus pais. Eu sei que acontece, e que Deus dá a força necessária no momento certo, mas que esse momento demore mais do que o meu pensamento alcance.

Só espero que meu futuro valha cada lágrima de saudade.

Acho que poucos entendem meu desespero por estar formada, sem emprego e longe de tudo que eu amo. Mas só eu sei como dói não ter dado o orgulho que (eles) merecem por todos esses anos de batalha. Não importa o que os outros pensem, mesmo que no fundo eu me importe, e muito. Eu só quero que ainda dê tempo sermos mais felizes do que sonhamos, e olhe que não foi por falta de sonho que eu não consegui – ainda.

Lembranças

Olhando alguns textos perdidos que não raras vezes eu escrevo e opto por não postar, achei um deveras interessante, ao menos para quem vos fala. Enfim, em algum dia dos mês passado:

Visita de um anjo

Nesta tarde fria de um junho tão tristonho eis que um anjo visitou meus sonhos. O abraço foi tão real que eu não lembrei das dimensões que nos separavam. Simplesmente acordei e pensei: tio Renato nem me chamou de Branca de Neve, como sempre fazia nos meus dias de infância tão inocente. E fiquei com uma sensação tão boa...

Mais tarde, quando olhei a foto de vovô Severino e Tetê no mural, lembrei: meu tio já morreu. Não é possível! Tudo foi tão real que eu me recusei a acreditar que tudo não passava de um episódio onírico... ele estava com um sorriso sereno; disse que amava meu pai como se fosse seu filho, e que eu não me preocupasse, porque ele estava sempre cuidando da gente.

Vocês não imaginam como é bom, principalmente quando se está sozinho, ouvir de alguém que você está sendo amparado por algo maior. Sonho ou não, eu lembrei de quão doce é a lembrança que eu tenho do meu tio querido, da saudade que ele deixou nos corações da sua esposa, filhos, netos, sobrinhos e demais familiares.

E a vida é isso, ninguém vai embora por completo, o amor disseminado em vida permanece. Não sei dos mistérios que nos separam, mas sei que verdadeiramente "saudade é o amor que fica".