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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Contradição


Sozinha como flor no deserto, sempre perdida em pensamentos, mas eternamente disposta a fazer aqueles que amo felizes. Só não sei como! Ah se eu soubesse... se eu pudesse fazer o que minha alma reclama.

Mostrando-me forte na fraqueza de sempre, andando em meio a espinhos. Corja de lobos... querem ver minha cabeça a prêmio. Não vai adiantar, não vão conseguir!

Estarei sempre me defendendo, embora não haja batalha, senão a que há dentro de mim. Busco refúgio neste mundo que não é o meu, onde ninguém vai entender o que sinto, o que eu quero falar e não consigo, mesmo que houvesse alguém para ouvir.

De qual galáxia eu sou? Por que me esqueceram aqui? Se não faço falta de onde saí, não farei mesmo em lugar algum. Mas posso ser o motivo do sorriso da criança, só naquele único momento, e a partir disto nada mais importará, o resto é resto.

Não vejo saída. Talvez uma, mas não posso sair agora. De todo jeito, deixem a porta aberta, não se sabe a hora, apenas ascenda a vela e siga, mesmo sem saber para onde. Eu posso não existir ou estar apenas sonhando, um sonho bem maluco, irreal demais para não ser real.


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009


“ …E quando o dia não passar de um retrato

Colorindo de saudade no meu quarto

Só aí vou ter certeza de fato
Que eu fui feliz

O que vai ficar na fotografia
São os laços invisíveis que haviam

As cores, figuras, motivos

O sol passando sobre os amigos

Histórias, bebidas, sorrisos
E afeto em frente ao mar.”


Fotografia(Leoni/Leo Jaime)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Razões

As mesmas razões que me fizeram acreditar no teu sorriso fácil, nas tuas palavras ingênuas, no menino que me faria feliz por toda uma vida. Que ironia... o menino tornou-se um homem que eu não conheço, alguém incapaz de perceber que será inesquecível.

Imortalizei o encanto que devotei a ti, o tempo nada é. Nada importa, se tu existes, só para que eu assim possa sentir tua falta, fechar os olhos e ouvir tua voz sussurrando baixinho as palavras que eu nunca mais quero ouvir.

“Depois de ti os outros serão sempre os outros”, ninguém é perfeito comparado à tua imperfeição, ninguém me fará sofrer como tu o fizestes, eu nunca irei amar, ou acreditar nesse sentimento, se não for oferecido ao meu, já que em nenhum momento existiu o nosso, mais belo sonho. Hoje já não falo da ilusão adolescente que outrora me magoou, me marcando por toda uma vida, não preciso mais mentir que é para ti que meus pensamentos voltam, quando todo o resto se perde no pó de um fracasso previsível.

A ti, minha mais doce ilusão, eterna realidade presente, dedico palavras repetidas, rabiscos tão patéticos como há tanto tempo não escrevia, devaneios tolos que a poucos mostrei, e o que importa agora se o mundo sabe? Se não é você que irá ler!

Na verdade não é que eu não acredite no amor, ele pode sim existir, mas não para mim, não quando tu não podes ser meu, mesmo que sempre seja, por mais que hesite, sei que lembra, tenho certeza. Quem não lembraria? Quem não associaria um ao outro em um lugarejo tão pequeno, onde existe o mais perfeito pôr do sol, onde o céu faz parar o tempo, onde as estrelas brilham mais, onde eu não volto, nada volta, não mais.

Quero meu tempo de volta, quero uma felicidade passageira que nunca vá embora, quero parar o filme no instante em que deitastes em meu colo e fechastes os olhos, no momento em que era só meu, de olhos fechados para o mundo, e os meus abertos para ti. Só você e nada mais.

E qual razão teria eu para amar-te? Realmente, nenhuma! Nunca acreditei nas juras destinadas a tantas, nunca pensei serem exclusivos os beijos sem sentimento que me davas, em nenhum momento tive a pretensão de achar que gostavas de mim ou que apenas sentisse falta do meu abraço, sempre falamos línguas tão diferentes... nunca entendias meus motivos, minha dor, meu sentimento, minha razão!

Mas por que terminar o textinho patético de uma iludida incurável, com palavras tristes? Por que não voltar à ilusão de que fui amada, por uma vez apenas? Às vezes precisamos mesmo de uma mentira, a única que nos faça viver. Pensamentos sem nexo, lembranças que vão muito além da lógica, coisas que só eu sei, só eu senti, só eu vivo.

Minhas razões, únicas, indecifráveis, inexplicáveis. Não sei para quê leram tamanha bobagem, mas se leram, me desculpem, não queria expor tanta idiotice, foi apenas uma forma que encontrei para dizer que minha razão ultrapassa os limites do tempo e da reciprocidade. Não importa que eu nada tenha, desde que possa ver-te feliz, mesmo que ao longe, longe demais para poder alcançá-lo um dia.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Quando serei eu mesmo o autor?

Li o texto de Fernanda Medeiros no site http://www.dominiocultural.com/ “Pensamentos suicidas”. Foi como uma bofetada no rosto e não pude deixar de refletir sobre minha própria vida. Comecei a perceber como sou inconstante, isso por mais seguro que eu me mostre, pensei também como as pessoas perdem ou ganham importância em minha vida de acordo com meu estado de espírito, ora quero tê-las por perto, ora essas mesmas pessoas tornam-se perfeitamente dispensáveis. Como sou insatisfeito, como nada basta, sempre falta alguma coisa ou alguém.

É verdade que nunca pensei na morte propriamente dita, mas devo assumir que já pensei “É só isso?”ou “Será que me dei o bastante?”, ou ainda, como disse Coco Chanel “Já não sou mais quem era, devo ser quem me tornei”. Mas o que será que me tornei afinal? Sei que questionar é extremamente saudável e pôr à prova o que acreditamos é necessário, porém não ter certeza de quase nada é um tanto quanto perturbador.

A internet, a rapidez da informação, a indústria cultural, os meios de comunicação de massa e tudo mais que acompanha essa pós-modernidade, provavelmente sejam os grandes vilões da minha história como indivíduo. A verdade é que vivo numa intensa luta contra tudo e contra todos, ou melhor, acho que tudo isso não passa de uma luta contra mim mesmo. São tantas identidades ofertadas a mim, tantas coisas me condicionando que, assim como nas crônicas de Clarice Lispector(1968) e de Martha Medeiros(2000) eu me pergunto: “E se eu fosse eu?”. Será que as pessoas que fazem parte de minha vida hoje teriam o mesmo valor, ou minhas respostas em relação à vida seriam as mesmas, esse texto que ainda nem terminei de escrever, teria o mesmo teor? Não sei dizer!

Tudo parece um grande espetáculo, minha vida tornou-se um imenso palco e, a todo tempo estou contracenando com alguém e numa espécie de rodízio vão mudando os atores e personagens: Vilões, heróis, mocinhos e mocinhas. Eu sempre interpretando, novos papéis novas falas e outros roteiros. E me pergunto:

Quando serei eu mesmo o autor?

  • Por Sílvio Melo.

Pensamentos Suicidas


Quanta mediocridade alguém que detesta a vida continuar a viver, enquanto tantos que a adoram morrem todos os dias, sem chance de defesa ou protesto. É notável que chega uma certa hora em que você pára e pensa, o que eu fiz de importante até aqui, será que algo valeu a pena, porque não eu, pra quê esperar mais, é só isso? Questões existenciais sem nenhuma resposta lógica, indagações perplexas, as quais sempre aparecem milhares de bons samaritanos dispostos a respondê-las e resolver sua vida num passe de mágica, com a promessa de um futuro promissor, de bens materiais e espirituais, de coisas ou seres que completem seu vazio interior, pois só pessoas vazias pensariam devaneios tão impuros.

Sob a ótica de criaturas realmente vazias, é esta a refutação de tais argumentos, o ponto chave. Apenas não há respostas nem perguntas, só delírios. E o estereótipo de humanos normais subjulga os que pensam diferente. A voz da razão cala a verdade do que todos pensam e apenas poucos têm a coragem de assumir, o medo da crítica e de olhares desconfiados intimida os fracos, que usam essa designação para os que falam sobre seus sentimentos.

Grande covardia não morrer na hora que se tem vontade porque alguns esperam que sejas forte, quando na verdade nada fazem para ajudar; sem levar em consideração a relatividade dos conceitos que se tem acerca de questões criadas para serem pensadas, não debatidas. Afinal, não é muito comum se ver pessoas admitindo já terem refletido a respeito de uma morte espontânea, e o que é pior, da sua própria morte, embora todos já tenham cogitado essa hipótese.

Há uma grande dificuldade em entender mentes tão complexas, de pessoas aparentemente parecidas, mas com temperamentos distintos. Uma sociedade que forma indivíduos capacitados para avaliar os incapazes, e outros sucessivos enganos que empobrecem a raíz de um possível elo de opiniões. Uma comunicação inativa, pois não ouve, apenas julga, não entende, só modifica, ou pelo menos tenta.

E quando sai no noticiário que o seu vizinho que você nem conhece suicidou-se com um tiro na cabeça, pobre coitado! Era apenas alguém egoísta que nem se quer tentou recorrer a ajuda dos outros, que tanto se preocupavam com o seu bem-estar.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Divergências

Um mundo tão complexo com um pensamento tão limitado. É isso que eu vejo! Não compreendo o motivo de tanta contradição, se toda ela representa para alguém uma verdade, e daí surge o grande problema, se para cada pessoa sua verdade for absoluta, onde ficam as diferenças? Quem aceitaria ver sua verdade contestada?


Todos somos diferentes, este é um fato inegável, e não importa cor, raça, religião, poder aquisitivo, todos estão condenados ao único desfecho que é possível nesta breve história. Por que tantas guerras em nome da paz e de Deus, se nós mesmos a fazemos. A que tipo de ser supremo você serve? Seria ele o responsável por tantas desgraças ou nós condenados por nossos próprios erros?

São tantas perguntas e tão poucas respostas, e mesmo assim há quem se encontre no direito de julgar e condenar os demais viventes deste mundo miserável, como se já não bastasse os problemas que temos, não, é preciso pensar mais, complicar mais. Não se pode simplesmente ser feliz, temos que mostrar aos outros o motivo desta felicidade, para que eles a contestem e a transformem em nada.

Não pretendo aqui manter um discurso tradicionalista conservador, nem tampouco radicalista, queria apenas de alguma forma mostrar minha indignação pelo sofrimento induzido a que se prestam os seres éticos desta sociedade, donos da verdade e do dinheiro, da moral e dos bons costumes, capazes de ditar regras para aqueles que não as conhecem e que mesmo assim vivem de uma maneira invejável, pois suas conquistas são reais e inabalávais, não sustentadas em ambição, inveja ou poder.

Parecem-lhes estes fragmentos confusos, e realmente o são, de uma mente que jamais irá compreender a razão, se é que em algum contexto deste assunto ela exista, para que tantos ainda discutam sobre assuntos tão banais, enquanto tantos outros morrem de fome, frio, enfermidades físicas e mentais, os quais nunca ninguém realmente se preocupou, afinal, são os outros, não somos nós, e esses só nos oferecem risco quando nos parecem livres e convictos, hábeis para enxergar a hipocrisia nos olhos de quem oferece a paz.