Foto: Elaine Oliveira
Hoje lembrei de uma tarde da minha adolescência ou (infância), nem sei, naquela idade que a gente sempre pensa já saber de tudo. Enfim, um dia como outro qualquer. Quando voltava das compras ao (mini)mercado com minha mãe, passamos em frente à casa de um senhor já meio idoso que morava sozinho com seus gatos em frente a uma igreja evangélica da cidade. Lembro da minha mãe ter ficado com um semblante triste, e de logo após admirar o senhor na janela de sua casa em seus aparentes devaneios solitários, ter exclamado:
- A coisa mais triste do mundo é uma pessoa morar sozinha, não ter ninguém que cuide quando estiver doente ou quando precise. Ninguém no mundo merece terminar assim.
Nem lembro o que eu disse naquele dia, mas hoje ao recordar o episódio me veio uma dor de mil facas penetrando a alma. Me senti a pior pessoa do mundo, e talvez eu seja. Confinei quem eu mais amo ao pior dos castigos, embora tenha me condenado ao mesmo mal. Aliás, somos três, cada um em seu lugar, mas com o mesmo objetivo: estarmos todos juntos um dia.
Acontece que a vida é agora! Ninguém me deu garantia do futuro. Odeio pensar na morte, mas penso quase todos os dias, e em nenhuma dessas vezes encontrei resposta para uma vida sem meus pais. Eu sei que acontece, e que Deus dá a força necessária no momento certo, mas que esse momento demore mais do que o meu pensamento alcance.
Só espero que meu futuro valha cada lágrima de saudade.
Acho que poucos entendem meu desespero por estar formada, sem emprego e longe de tudo que eu amo. Mas só eu sei como dói não ter dado o orgulho que (eles) merecem por todos esses anos de batalha. Não importa o que os outros pensem, mesmo que no fundo eu me importe, e muito. Eu só quero que ainda dê tempo sermos mais felizes do que sonhamos, e olhe que não foi por falta de sonho que eu não consegui – ainda.