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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Quando serei eu mesmo o autor?

Li o texto de Fernanda Medeiros no site http://www.dominiocultural.com/ “Pensamentos suicidas”. Foi como uma bofetada no rosto e não pude deixar de refletir sobre minha própria vida. Comecei a perceber como sou inconstante, isso por mais seguro que eu me mostre, pensei também como as pessoas perdem ou ganham importância em minha vida de acordo com meu estado de espírito, ora quero tê-las por perto, ora essas mesmas pessoas tornam-se perfeitamente dispensáveis. Como sou insatisfeito, como nada basta, sempre falta alguma coisa ou alguém.

É verdade que nunca pensei na morte propriamente dita, mas devo assumir que já pensei “É só isso?”ou “Será que me dei o bastante?”, ou ainda, como disse Coco Chanel “Já não sou mais quem era, devo ser quem me tornei”. Mas o que será que me tornei afinal? Sei que questionar é extremamente saudável e pôr à prova o que acreditamos é necessário, porém não ter certeza de quase nada é um tanto quanto perturbador.

A internet, a rapidez da informação, a indústria cultural, os meios de comunicação de massa e tudo mais que acompanha essa pós-modernidade, provavelmente sejam os grandes vilões da minha história como indivíduo. A verdade é que vivo numa intensa luta contra tudo e contra todos, ou melhor, acho que tudo isso não passa de uma luta contra mim mesmo. São tantas identidades ofertadas a mim, tantas coisas me condicionando que, assim como nas crônicas de Clarice Lispector(1968) e de Martha Medeiros(2000) eu me pergunto: “E se eu fosse eu?”. Será que as pessoas que fazem parte de minha vida hoje teriam o mesmo valor, ou minhas respostas em relação à vida seriam as mesmas, esse texto que ainda nem terminei de escrever, teria o mesmo teor? Não sei dizer!

Tudo parece um grande espetáculo, minha vida tornou-se um imenso palco e, a todo tempo estou contracenando com alguém e numa espécie de rodízio vão mudando os atores e personagens: Vilões, heróis, mocinhos e mocinhas. Eu sempre interpretando, novos papéis novas falas e outros roteiros. E me pergunto:

Quando serei eu mesmo o autor?

  • Por Sílvio Melo.

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