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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Passado?


  Foto: Ricardo-Set

De repente bateu saudade de quem eu era, das coisas que eu fazia, de como me entregava às amizades e ao que eu acreditava ser para sempre. Dos anos em que eu sofria mais, amava mais e me doava bem mais... às pessoas, aos projetos, a Deus, às coisas que os mortais consideram humanamente boas.

O tempo passou, as pessoas mudaram, eu mudei, muito! Não necessariamente para melhor, dependendo do ponto de vista. Deixei o que me fazia mal no passado. Cansei de tentar entender as pessoas, mandei tudo ao inferno, e com eles fui junto.

A Fernanda boa, a amiga de todas as horas, a inocente que acreditava em todas as histórias e que cada pessoa tinha uma coisa boa a transmitir não morreu, descobri hoje que não. O que me tornei, em uma desconexão de consciência, há poucos minutos atrás se chocou com a menina que matei dentro de mim, ou que pensei tê-lo feito.

Talvez as pessoas não tenham me abandonado, será que eu me afastei sem perceber? Com essa obsessão de não ser enganada, ridicularizada, e coisa e tal... não sei. Talvez seja tarde, talvez não. Os verdadeiros amigos de um tempo não muito distante hoje me fizeram falta.

A vida é realmente uma viagem muito louca, que eu, mais louca ainda, não desisti de entender. Deve ser por isso, essa minha agonia no juízo, essa dor no cérebro, essa taquicardia repentina, uma vontade de voar que eu não sei de onde vem. Talvez seja o que eu era, e que jamais deixarei de ser.

Quem sabe o meu erro seja deixar as pessoas que amo antes que elas me deixem, com medo de não suportar a dor, a perda, a sensação de abandono constante. E ficar sempre assim, correndo, mudando, com os pensamentos sempre no futuro, esquecendo o quanto sou feliz, ou fui feliz, no presente... presente?
Pareceu passado!

domingo, 6 de dezembro de 2009

MonólOgO

Sabe quando você acorda às quatro e pouco da madrugada após uma noitada, com a cabeça zonza e com um remorso que você sabe que depois de umas doze horas já tem passado? Pois é. Ontem ouvi em um filme que a bebida é tipo um lubrificante social, e é mesmo. Hoje acordei cedo e feliz, o dia está lindo e eu estou amando todo mundo, estranho, mas muito bom!

De repente me vi com uma vontade danada de refletir sobre a vida, as amizades, as inimizades, as pessoas, os amores, o tempo, o clima, as nuvens... mas seria maldade acordar novamente o casal pra falar dessas coisas né?! E agora? Pense rápido Fernanda...

- Já seeeei! Meus pais, eles que me tiveram, eles me aguentam! kkkkkk



Falsifico um cadastro da operadora a qual sou cliente e que insiste em dizer que meu número não consta no sistema. Envio milhares de mensagens pra ‘papai’, aaah... meu pai, que orgulho! Falo que o amanhecer estava lindo e que eu só lembrei dele. Depois ligo pra mãe, já são mais de 5hs, já fiz café, arrumei a cozinha, minha cama, e ninguém acorda... ela sempre acordou cedo, e já estava acordada... adorou minha insônia, até me chamou de alcoólatra, brincalhona, hahaaa...

- Mãe? É brincadeira né? oO

Vou na varanda.

- Que lindoooo... tá choveeeeendo \o/ E o casal ainda dorme ¬¬
Já sei, o computador. Entro no msn e novidade: todos dormindo! Vaaai, alguémmm, apareça. E txaraaam... minha prima, que sempre acorda cedo. Fico conversando horas, e quanto tempo fazia que eu havia tido tempo pra isso.


Ela vai embora, e agora? Já olhei todos os sites, a mesma coisa de sempre... mortes, assaltos, tragédias, a maldade da natureza, a bondade dos homens que nada fizeram pra merecer isso (seeeeeeeei, vamos fingir que sim, hoje estou boazinha, não vou criticar)... a riqueza, a pobreza, colunas, (política, corrupção), precisa a vírgula?

Meu blog geeeeeeente! Isso Nandinha, garota esperta, vamos escrever! São 07:13 de 2009, um dezembro ao dia seis, coisa pouco convencional e muito interessante, uma aurora dezembramente deslumbrante, e o casal ainda dorme! O que eu escrevo agora?

Bem, não posso falar de amores, hoje pensei em todos, já pensei em tudo. O que passou, aqueles que não deixaram nada de bom a ser lembrado, e que mesmo assim eu lembro em todos os dias que Deus me dá; outros que passaram rápido, pessoas que passam em nossas vidas e a gente se pergunta o motivo. Sem respostas. UM ESPECIAL, o primeiro, o atual, o diferente. [Alguém me pare, eu disse que não podia escrever sobre isso.]

Elba Ramalho canta: “Já vooooooou emboooora, mas sei que vou voltar/ Amor, não chora, se eu volto é pra ficar”... ah se soubesse! Fica quieta Fernanda, não erra agora, não de novo.

(continua a música)

... Amor não chora, que a hora é de deixar
O amor de agora, pra sempre ele ficar
Eu quis ficar aqui, mas não podia
O meu caminho a ti, não conduzia
Um rei mal coroado,
Não queria
O amor em seu reinado
Pois sabia
Não ia ser amado
Amor não chora, eu volto um dia
O rei velho e cansado já morria
Perdido em seu reinado
Sem Maria
Quando eu me despedia
No meu canto lhe dizia

(Segue outra música)

Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê
(...)


(Chega de música!) Sentiu? É, isso aí...

O casal ainda dorme, meu Deeeus, o que tinha naquele café?

Vou confessar uma coisa: na verdade, verdade mesmo, não li todos os sites, talvez notícias não me agradem tanto, eu gosto da ficção dos letrados, li a coluna inteira de Paulo Coelho, e sequer três notícias inteiras dessas chatices que os jornalistas contam. Será que eu sou mesmo jornalista? Talvez não. Mas o destino conduzirá... pra que pressa? Os que chegam, terminam, a felicidade está pelo meio do caminho, e ainda tenho tanto pra caminhar...

Desisto! Ninguém acorda.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Não sei...

Cansei das mesmas tolices. Não quero mais parafrasear os desiludidos, não quero sentir.

Quero escrever sobre catástrofes, sobre coisas realmente grandes. Mas, se o que aparentemente pequeno me consome por completo, por que escrever sobre o que está distante de mim, além das minhas próprias tempestades? Não sei mais.

A camada de ozônio, o projeto pré-sal, a crise financeira, o desenvolvimento sustentável, a escassez de água no planeta, coisas bem mais preocupantes que poucos cuidam, mas muitos escrevem. Eu realmente não sei.

Não sei se querer estar perto das pessoas que amamos é mesmo possível. Estão todos tão longe...

Sei que minha cabeça hoje não tá legal e que um bom vinho cairia muito bem. Sei que fugir é melhor que enfrentar, e que tudo não faz nenhum sentido. Na falta do álcool, compenso com a solidão e algumas letras confusas. Pra que falar, se nem eu entendo. ¬¬' Me deixa!

Eu não sei de mais nada, só por hoje eu queria não viver, e amanhã acordar com o sol no meu rosto, com a lembrança de um sonho estranho. Mas eu não sei...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dádiva ou perdição?


E todas as vezes ela sentia que a sua ilusória felicidade ia embora. Mas como saber se é realmente ilusão? A menina, que sempre defendeu a tese de que o amor não existe e que alegrias são tão passageiras quanto sorrisos ébrios de uma noite de sábado, agora está confusa.


O destino lhe pregou uma peça, e sem perceber ela se viu feliz, com um medo danado que essa sensação se esvaísse como a fumaça de um trago intragado, daqueles que ela tentou e não conseguiu, e aqui não falo só de cigarros, quero dizer, ninguém falou mesmo disto. Porcaria! Ela também não serviu pra isso.


E esse medo de sofrer, de onde vem? No fundo ela sabe. Mas sua razão também lhe diz que contos de fadas não acabam bem, sobretudo para aquelas que não são fadas, que não possuem castelos nem príncipes, e sequer acreditam em finais felizes... e já que não existem, ela vive cada alegria como se fosse a última, esperando um final que o seu coração teme a cada despedida, como que o objeto adorado pudesse perder-se nas esquinas da vida. E pode. Ele pode tudo, mas não deve saber.


As loucuras feitas e os pudores esquecidos pouco representam. Não há arrependimentos. E o sujeito feminino da frase encontra-se em estado de graça e agonia. Dolorosamente feliz, e irremediavelmente ferrada. Mas quem se importa? Ela, com certeza não. Ela só quer viver, seja seu amor uma dádiva ou até mesmo sua perdição.

domingo, 9 de agosto de 2009

Meu orgulho MAIOR


Geralmente todos os anos, na escola, nos faziam escrever redações em datas comemorativas. Amo redação. Até escrever sobre o diálogo entre um banco e um poste me deixava encantada. Era sempre uma possibilidade de perceber o fascínio que palavras podem expressar, fugir da realidade, recriar a felicidade.

Os anos passaram, eu cresci, infelizmente. Talvez hoje as crianças não sonhem da mesma forma. Lembro que em tempos de natal, eu esperava ansiosa que Papai Noel deixasse um presente no punho da minha rede, e mesmo suspeitando que Papai Noel fosse um homem bem mais especial do que aquele que tanto falavam, eu mal podia esperar.

Eu sabia que às vezes era Mamãe Noel que deixava aquele presente, porque meu jovem de barba estava muito longe, pensando nos sonhos da sua pequena enquanto ela dormia.

Os anos e as pessoas longe do mundo encantado que tentaram construir para mim estão em toda parte, hoje já não tenho a sensibilidade de escrever coisas tão doces quanto antes, mas meu pai, sem dúvida, continua o mesmo. Seu caráter, sua força, sua gentileza, seu carinho, nada mudou. Meu Papai Noel que sempre chegava de caminhão hoje está a alguns quilômetros, mas está, é isso que importa.

Não consigo fazer homenagens pessoalmente, ou até por telefone, a voz embarga, as palavras sussurradas em tom infantil teimam em vir acompanhadas por um monte de lembranças e saudades. Mas eu tentei. As lágrimas insistiram, achei melhor parar. Hoje é um dia feliz, dia dos pais!

Obrigada pai, o senhor é o melhor pai do mundo, meu orgulho maior. E para mim todos os dias é seu dia. Hoje, mesmo de folga, resolvi acordar mais cedo, imaginar que como quando estás comigo, acordei às 6h40 da madrugada com um beijo e um sorriso... “acorda minha moleca, o dia é lindo”.

Entre nossas poucas divergências, minha pressa e sua paciência, no meu aniversário mandastes uma mensagem dizendo que não me davas o que eu merecia, mas valorizava muito o que eu conquistava. Bobo! Minha conquista maior é ter o seu exemplo. Não mereço nem um terço de tudo que me ensinastes e não sabe o quanto me arrependo por te encher a cabeça com minhas preocupações tolas.

(...) não há nem palavras que descrevam. Com o tempo as coisas crescem, inclusive meu amor, minha admiração, e meu orgulho.

Meu pai, meu herói!


P.S.: FELIZ DIA DOS PAIS. :)

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Reação!

Uma vida, dezenas de curiosos, um trabalho, vários, a vida nada significa.
Flashs... aparências, personagens e uma vida sobre o asfalto; sonhos passados e doloridos. Talvez seja feliz, talvez não. Ninguém que estava ali procurou saber como estava, nem eu.

Só uma vida, ou a expectativa de uma possível morte. Pouco sangue, pouca importância.

Um brinde à tragédia, é esse o percurso, pra onde, não sei. Mas sei que foi assim, e sempre será (ou quem sabe não).

Mente perplexa, imagens perturbadoras, não necessariamente a presença da vida ou da morte, mas do medo.

Reações nervosas ainda existem. Elas não se vão, não importa o que eu faça.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Caminhos que só caminhoneiros fazem


Foto: Fernanda Medeiros
Modelo: o melhor pai do mundo =)

Todo mundo tem um amigo caminhoneiro. E se há ainda alguém que não tenha é bom saber o quão é interessante e construtivo ser amigo de um.

Caminhoneiro não é só uma profissão, é um romper indelével de quilômetros, saudades e sonhos.

Como me disse uma vez um velho caminhoneiro, a estrada nunca é apenas um caminho a ser percorrido; é a sua amiga e confidente, quiçá sua melhor companheira de viagem. A cabine de um caminhão torna-se, com o tempo, mais do que a residência ambulante do seu condutor, ela vira uma parte de si mesmo.
Pode reparar que um caminhoneiro não consegue passar muito tempo longe do seu caminhão. Eu lembro do caso de Seu Joel que, depois de 37 anos de rodagem e dono do seu próprio caminhão não se acostumava mais em passar nem que fosse um dia distante de sua máquina. É um lance de paixão mesmo. Ser caminhoneiro é bem mais do que dirigir um veículo longo. Uma vez caminhoneiro, torna-se cúmplice do volante e amante do retrovisor esquerdo. É um silogismo fácil: o Brasil escolheu as rodovias; as rodovias escolheram os caminhoneiros.

O mais interessante é que, por menos escolaridade que possa ter, todo caminhoneiro é detentor de uma riquíssima sabedoria. E de fato, como não haveria de ser, se eles são formados na maior de todas as faculdades, a vida e os seus caminhos nem sempre bem sinalizados? Uma vez um desses sábios da estrada que transportava uma carga de botijões de gás num trucado vermelho de 10 rodas me contava sobre suas inúmeras viagens. O Brasil é muito maior do que aquilo que a gente vê no mapa – ele me dizia com o semblante sereno e o olhar atento no pára-brisas. Falou-me de uma ocasião em que dirigira por 16 horas seguidas q quando finalmente parou para dormir num desses postos de beira de estrada não tinha feito nem metade do caminho ainda.

Pois é. Do Rio Grande do Sul ao Maranhão vão mais léguas do que nossas saudades podem suportar. O Brasil não é apenas grande. Ele também é vasto. É você sair do Nordeste com uma carga de macaxeira e descarregar aipim em Santa Catarina. Os caminhos envolvem nuances. O caminhoneiro não conhece apenas o Brasil. Conhece também o brasileiro. Cada jeito de ser, de se expressar de cada canto do país vai ficando gravado na memória que nunca se cansa desses peritos da estrada. Uma carona dada ali para encurtar o caminho, uma parada ali para rebocar um companheiro que ficou quebrado na beira da estrada.


Vida de caminhoneiro não é fácil. Haja coragem e determinação para viajar por estradas tortuosas fazendo-se disso o buscar do pão de cada dia. Haja solidariedade para parar às quatro da manhã e tirar do prego aquele estranho que pode muito bem ser um daqueles famosos ladrões de carga, mas que também pode ser alguém como você, humilde e de boa índole, e se encontra parado no acostamento com o olhar desesperado e o coração palpitante à espera de uma assistência milagrosa. Haja sensibilidade e bom humor para poetizar os pára-choques e maravilhar os olhos de quem tenta ultrapassar na curva: “A saudade é companheira de quem não tem companhia.”, "Mulheres existem para serem amadas, não para serem entendidas" “Antes eu sonhava, agora eu nem durmo”, “Guarde seu silêncio, para que não fique escravo de suas palavras”. E por aí vai... O caminhoneiro é, antes de tudo, um forte, permitam-me parafrasear o rodado clichê euclidiano. Sua força reside na simplicidade honesta do trabalho, na ânsia de chegar em casa e matar a saudade da família num abraço apertado, no peso da responsabilidade muito maior do que a carga de várias toneladas atrás da cabine.

Que esses mestres da estrada continuem por muito tempo cumprindo sua função, que é muito mais do que conduzir um caminhão na rodovia. Que Deus ilumine cada vez mais os caminhos daqueles tem a missão de movimentar de verdade o comércio do nosso país.

(Esse texto é dedicado a Toinho de Totó, o cabra mais homem que desbrava os recantos desse Brasil velho ao volante de um caminhão Volkswagen Constelation. Toinho Pequeno, como é conhecido, além de exemplo formidável de ser humano, é o melhor amigo caminhoneiro que eu posso dizer que tenho...)

Escrito por Rafael Rubens de Medeiros
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Agora sou eu: então gente, "Toinho de Totó" é meu pai, e eu nem preciso dizer o quanto eu o amo e admiro. Todos os dias ele me enche de orgulho, seja por seus atos, suas lembranças ou histórias que muitas vzs nem eu conheço, afinal, são muitas.
E o mais interessante, é que mesmo sem saber do fato que envolveu meu pai no texto apresentado, foi ele o que mais me tocou... como que inconscientemente eu percebesse as coisas boas que meu herói espalhou pelo mundo afora...Obrigada, Rafael. Bela e justa homenagem aos verdadeiros condutores do país.

Como eu já disse, nem que eu fizesse os melhores cursos, eu me tornaria metade do que "Toinho de Totó" é.
MEU PAI, MEU HEROI!
P.S.: A foto ao lado constatando minha grande paixão e forte tendência às estradas.... ;)

sábado, 18 de julho de 2009

JORNALISTA SEM DIPLOMA - ATESTADO DE HIPOCRISIA




Depois de exatamente um mês e um dia após a “sábia”, para não dizer medíocre, decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em extinguir a exigência do Diploma para o exercício da profissão de jornalista, no dia 17 de junho de 2009, só agora tive coragem para discorrer sobre o assunto, de enfrentar a dura realidade da nossa justiça cega, de acreditar no que me parecia inacreditável. Um sério mal entendido que poderia ser resolvido em um curto espaço de tempo, quem sabe um mês, mas não!

Sem dúvida o Brasil recebeu um duro golpe: a mais alta corte do País cometeu um erro imperdoável. Agora quem irá decidir se seremos ou não jornalistas são os patrões, aqueles que detêm o monopólio da comunicação, que é o que realmente importa, diferente do que aprendemos, quando diziam que a palavra era a matéria-prima desse tipo de profissional, triste engano.

Sinto-me atacada em meus direitos, mas não derrotada. Além disso, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), como entidade de representação máxima dos jornalistas brasileiros, esclarece que a decisão do STF eliminou a exigência do diploma para o acesso à profissão, mas que permanecem inalterados os demais dispositivos de sua regulamentação. Dessa forma, o registro profissional continua sendo condição de acesso à profissão e o Ministério do Trabalho e Emprego deve seguir registrando os jornalistas, diplomados ou não.

Segundo as notícias que circularam em todos os meios de comunicação, por oito votos a um, os ministros do STF votaram contra a exigência do diploma. Eles são o relator Gilmar Mendes e os ministros Carmem Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello. Marco Aurélio foi o único que defendeu a necessidade de curso superior em jornalismo para o exercício da profissão. Os ministros Joaquim Barbosa e Carlos Alberto Menezes Direito não estavam presentes na sessão.

Para o relator, danos a terceiros não são inerentes à profissão de jornalista e não poderiam ser evitados com um diploma. Mendes acrescentou que as notícias inverídicas são grave desvio da conduta e problemas éticos que não encontram solução na formação em curso superior do profissional. Mendes lembrou que o decreto-lei 972/69, que regulamenta a profissão, foi instituído no regime militar e tinha clara finalidade de afastar do jornalismo intelectuais contrários ao regime. Mas afinal, desde quando saímos deste regime autoritário?

Sim, isso mesmo, qual das nossas atitudes não é moldada por uma série de normas estabelecidas pela elite social do país. Compare o salário de um senador e o salário de um funcionário público, ou até mesmo de um jornalista, quem ganha mais, quem possui uma carga horária maior? Isso é a justiça! Vocês a acham justa?

Foi o que eu pensei, provavelmente vocês responderam que não. Mas ninguém se manifesta contra isso, porque somos “ensinados” a obedecer a lei, e a lei sempre é justa, embora existam tantas que se quer são cumpridas. Atrocidades e mais atrocidades contra os direitos dos cidadãos são cometidos todos os dias, e cada vez mais graves, pois se a luta de 80 mil brasileiros foi vencida por oito votos de justificativas mal fundadas, e tudo ficou por isso mesmo, o que mais se pode esperar? Só alerto para que tomem cuidado, o próximo ataque poderá ser a qualquer outra formação superior pensante, não mecanizada, que treina as pessoas para pensarem e, portanto, para contestar aquilo que somente deve ser absolvido pela massa.

Acredito que aqueles que sabem o significado de “massa” não querem ter suas convicções relegadas a uma configuração social que sublima os indivíduos em um bloco inefável e amorfo colonizado pelo fetichismo extremo do mercado, da mercadoria e do consumo.


Teorias à parte, eu realmente não sei mais em que acredito, mas ainda tenho esperanças que essa decisão absurda não prevaleça por muito tempo, até porque não creio que um meio de comunicação arrisque a qualidade de suas divulgações pelo beneficiamento de alguns, e se você cidadão ou universitário que ganha pouco mais de um salário mínimo sentiu-se favorecido com esse desfecho... que pena que eu tenho de você, uma expressão que está bem em gosto pelos nossos parlamentares paraibanos.

Estão confundindo liberdade de expressão e de imprensa e direito de opinião com o exercício de uma atividade profissional especializada, que exige sólidos conhecimentos teóricos e técnicos, além de formação humana e ética. Com isso, a sociedade é a mais prejudicada, e não é preciso ser vidente para saber onde chegaremos se a justiça do país prosseguir com essa farsa... em um futuro não muito distante a verdade será apenas uma utopia.



quinta-feira, 28 de maio de 2009

O SILÊNCIO


Pense em alguém que seja poderoso…


Essa pessoa briga e grita como uma galinha, ou olha e silencia, como um lobo?

LOBOS NÃO GRITAM.


Eles têm a aura de força e poder.

Observam em silêncio.


Somente os poderosos, sejam lobos, homens ou mulheres, respondem a um ataque verbal com o silêncio.

Além disso, quem evita dizer tudo o que tem vontade, raramente se arrepende por magoar alguém com palavras ásperas e impensadas.

Exatamente por isso, o primeiro e mais óbvio sinal de poder sobre si mesmo é o silêncio em momentos críticos.

Se você está em silêncio, olhando para o problema, mostra que está pensando, sem tempo para debates fúteis.

Se for uma discussão que já deixou o terreno da razão, quem silencia mostra que já venceu, mesmo quando o outro lado insiste em gritar a sua derrota.


Olhe.


Sorria.


Silencie.


Vá em frente.


Lembre-se que há momentos de falar e há momentos de silenciar.

Escolha qual desses momentos é o correto, mesmo que tenha que se esforçar para isso.

Por alguma razão, provavelmente cultural, somos treinados para a(falsa) idéia de que somos obrigados a responder a todas as perguntas e reagir a todos os ataques.

Não é verdade!

Você responde somente ao que quer responder e reage somente ao que quer reagir.

Você nem mesmo é obrigado a atender seu telefone pessoal.

Falar é uma escolha, não uma exigência, por mais que assim o pareça.


Você pode escolher o silêncio.


Além disso, você não terá que se arrepender por coisas ditas em momentos impensados, como defendeu Xenocrates, mais de trezentos anosantes de Cristo, ao afirmar:


“Me arrependo de coisas que disse mas jamais do meu silêncio”.


Responda com o silêncio, quando for necessário.


Use sorrisos, não sorrisos sarcásticos, mas reais.

Use o olhar, use um abraço ou use outra coisa para não responder emalguns momentos.

Você verá que o silêncio pode ser a mais poderosa das respostas.

E, no momento certo, a mais compreensiva e real delas.



(Autor Desconhecido)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A orquídea que faltava


Um simples gesto me fez pensar que melhor do que lutar incansavelmente pela felicidade é encontrá-la nas sutilezas da vida, nos sinais aparentemente mais recatados. Encontrar, inesperadamente. Você nem percebeu, mas ela sempre esteve lá.

Novamente ressaltando os hábitos do sertanejo, é necessário que eu expresse o quão “estranhos” podem estes parecer a outra cultura. O legítimo sertanejo expressa o carinho devotado aos seus de uma forma aparentemente imperceptível, como palavras sem toques, que demonstram muito mais que mil abraços de terceiros.

Declaradamente me orgulho de ser parte destes, e como tais, não costumo expressar meus sentimentos com gestos, mas com ações. Se eu não abraço um bom amigo com tanta freqüência não significa que eu não possa admirá-lo e respeitá-lo com todos os predicados que outro o faria, talvez mais.

Eu sou assim, não me peçam para mudar, não me cobrem nada, um beijo espontâneo e raro se torna tão valioso quanto o desabrochar de orquídeas brancas na primavera, com todo o seu encanto, revelado a tão poucos.


A todos os meus amigos o meu “muito obrigada”.
Obrigada pelos conselhos, pela compreensão, por acreditarem em mim quando nem eu mesma acreditava.

Por mais que o tempo, a distância e até o próprio destino afaste de mim os seres mais especiais que uma força maior poderia pôr em meu caminho, eles serão inesquecíveis e de alguma forma, estarão sempre comigo, imortalizados nas minhas melhores lembranças.

Cheguei à conclusão que eu sou o que as pessoas fizeram de mim, talvez isso passe uma imagem de passividade, de alguém que apenas se deixou atingir pelos fatores do meio externo, como a teoria da agulha hipodérmica exposta nas minhas aulas de teoria da comunicação.

Não é isso. Eu sou a força, o amor, o rancor, o ódio, a esperança e a desilusão daqueles que, bem ou mal, me transformaram no que sou hoje.

Obrigadas a todos, considero as derrotas como aprendizados. Não poderia identificar o que é realmente importante se não tivesse conhecido o oposto.

Sempre defendi a idéia de que felicidade não existe e sim momentos felizes, raros momentos. Mas tenho que admitir, hoje (02/05) há uma coisa diferente em mim, algo que me fez acreditar que EU SOU MUITO FELIZ, todos os dias, mesmo nos mais tristes.

P.S.: Obrigada pelas felicitações e por lembrarem de mim nesse dia. Em todas as coisas existem seleções, acredito que selecionei bem as pessoas com quem escolhí caminhar; quase todos os escolhidos lembraram, e entre esses escolhidos, todos fazem uma grande diferença, mesmo que distantes =) "Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade"

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Metamorfose do tempo, da falta de

O mundo exige que eu seja rápida, eles me pedem paciência. Tenho tão pouco tempo...

Tudo pode acabar amanhã, em uma próxima chuva de maio.

Não posso agradar a Deus e ao Demônio, mas não consigo ser apenas uma. Ocultar meus próprios demônios o tempo todo, mostrar apenas meu lado bom, ou o que eles pensam ser bom.

Se me amassem, me aceitariam como eu sou, do jeito que eu nunca me mostrei e talvez de um jeito que eu nem saiba ser. Se o abismo que há entre meus pensamentos e meus atos sumisse, tudo seria diferente.

A noite me acalma, o dia me consome; mas há algum tempo tudo parece dia, e minhas noites em claro já não me mostram o amanhecer, onde me prometeram nascer tudo diferente, onde as mágoas seriam esquecidas.

Eu não posso pensar. Depois que eu aprendi, me disseram que pensamentos desvendam injustiças que não terão fim... tarde demais!

Ensinaram-me uma coisa que eu não posso fazer, antes me deixassem no meu recanto longínquo, no meu pé-de-serra esquecido, tão bonito. Agora sou assim... passarinho fora do ninho, a quem deram asas e proibiram de voar.

‘Gente pobre tem que ser pobre, cego e surdo, e feliz, porque Deus não quer ver ninguém triste’, é isso que eu tenho que aprender agora, a ficar quieta, como sempre fiz.

Alguém me disse que além de tudo, eu afasto os homens, alguém do gênero, afirmou então que eles gostam de mulheres “burras”, que as pessoas não aceitam minha maneira de ver o mundo, de “descobrir segredos” ... (risos) ... façam-me rir, quem disse que eu preciso agradar, ser sociável, simpática?!

É, muita gente já me disse. Agora quero fazer cursos de oratória, de relações públicas, de gestão de pessoas: tenho que ser como o sistema manda.

SORRIA, você está sendo filmado, o tempo todo, por essa gente hipócrita. E amizades? Quais? Tornei-me alguém tão desconfiada que não sirvo para ser uma boa amiga, não quero magoar ninguém, não é essa a intenção.

Não há tempo para mudar, o preço é alto e o meu limite de crédito irrelevante. Dinheiro compra tudo. Você é um número, não uma pessoa, não mais.

Meus sonhos se perderam no vazio da minha crença, bateram de frente com os obstáculos que encontrei no mundo lá fora. Por amor às causas perdidas continuo lutando, covardemente... até o fim.

Aos lapsos e colapsos de consciência, ou da falta de, vou vivendo, “a dúvida é o preço da pureza” e eu pago muito caro, caro demais para uma pobre moça latino-americana que é feita apenas de sonhos. Duvidar é bom, mesmo que sejas condenado por pensar assim, você deve pensar, eu penso!

O surto está passando, quando escrevo entendo que estou onde devo estar. Aqui, atrás dos brados nas entrelinhas desse escarcéu, verifico que mesmo sem tempo, esse é o momento que eu quero, deixar o mundo em chamas e apenas escrever, simplesmente.

Já não lembro da ira que os seres mórbidos desse universo vivo me causaram, agora tudo está bem, já troquei o CD revoltado de Engenheiros pela força convicta e regional de Zé Ramalho.

O tempo? (...)!
Só a eternidade da minha falta de juízo.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Meu Sertão, meu lugar

Não sei explicar a magnitude do cantar dos pássaros desta terra, a dança das nuvens, do vento no pasto, a sincronia da caatinga... a imagem de Deus na semana santa de 2009. Aqui eu me sinto maior. O mundo se apresenta a mim, como se sua natureza ajoelhasse à minha natureza sertaneja, minha essência, Essência Medeiros.

O pé-de-serra onde me criei, agora abandonado, murmura baixinho e só eu posso ouvir ele clamando para que eu não vá, mais uma vez... ali a solidão me engrandece, algo indecifrável, uma sensação indescritível.

O mundo, as grandes cidades, as coisas aparentemente de mais valor, tudo, parecem um grão de areia comparado à imensidão da fortaleza das minhas raízes.

Se tudo der errado, basta que no fim aquela terra decomponha meu corpo, entregue somente a ela, para que então meu espírito saiba que eu fui muito maior que as dificuldades enfrentadas.

E no último dia, no juízo primeiro daqueles que acreditam em sonhos, estaremos todos reunidos, sem lamentos nem arrependimentos. Que Deus perdoe nossa diáspora, que os retirantes castigados pela seca e pela falta de recursos se alegrem sob uma grande chuva de maio, em uma enchente de desejos passados, sonhos não alcançados, crimes perdoados, intenções que realmente valeram. O futuro será isso, a eternidade desta raça forte.

Sem dúvida foi um momento único, encontrado em alguns minutos daquele céu. Meu Deus, quanta perfeição!

E eu voltarei para o meu sertão... algum dia, em alguma dimensão, debaixo da mesma chuva de maio, chuva debaixo da qual nasci. Que da mesma maneira que me trouxeste à vida, sob raios e trovoadas, me leve de volta àquele lugar, Senhor; no momento certo, me entrega à eternidade do meu chão, onde eu sei que habitam os que também compartilhavam deste sonho, acreditando sem conhecê-lo ou conhecendo-o sem lembrar.

Aqui eu sou melhor, no meu lugar, no meu Sertão.
Fotografia: Há algum tempo atrás...

(...)

“Sou um caboclo sonhador

Meu senhor, viu?
Não queira mudar meu verso
Se é assim não tem conversa
Meu regresso para o Brejo
Diminui a minha reza
Coração tão sertanejo
Vejam como anda plangente o meu olhar
Mergulhado nos becos do meu passado
 
Perdido na imensidão desse lugar
...Sou tiete do nosso Rei do Cangaço

E meu regaço culminado em pensamentos
 
Em meu rebento sedento eu quero chegar...”





domingo, 15 de março de 2009

Saudades


Não sei qual o tipo de felicidade que as pessoas almejam, mas sei que prefiro viver longe de toda essa hipocrisia, de um mundo tão capitalista quanto as emoções fulgazes que dissemina. Nenhum dinheiro no mundo paga o abraço dos meus pais, as conversas na pracinha, as confidências às 2hs da madrugada, com a amiga que eu convivia 25hs por dia, as biritas e resenhas com as meninas, de preferência quando eu ainda não podia beber, os sorrisos e olhares tímidos, o beijo doce, o abraço inocente, as mãos trêmulas a cada encontro, e que ironia, sempre com a mesma pessoa, e como ainda fico nervosa... é claro, se ainda o visse!

Sou só saudade, pedaços bons de um passado esquecido, mas não para mim. Não sei se é normal alguém pensar tanto assim, viver de lembranças, querer refugiar-se nelas, em um lugar feliz que não vai mais voltar, não do mesmo jeito, não com as mesmas pessoas, não sob o mesmo céu.

Hoje (03/11/2008), em mais uma das minhas despedidas, em um ônibus onde eu era apenas mais uma na multidão, onde todos passavam sem tempo de parar, onde eu não queria estar... lembrando do sorriso do priminho mais novo chamando meu nome, pedindo para que eu ficasse, que aperto no coração, nada explica! Que mundo injusto, seria o adeus conseqüência do destino ou minha própria escolha? Por que tenho que está sempre me despedindo daqueles que eu mais amo?

Talvez seja genético, um coração cigano, apressado, aflito. Um sofrimento sem fim, uma angústia que sufoca, não sei se dá para entender, muito menos para expressar, mas é como se nada naquele momento fizesse sentido, como se todo o seu corpo parasse e só o seu coração batesse, mais rápido que qualquer pensamento.

Imagino-me daqui a alguns anos, sentindo falta dos amigos que tenho hoje, e que nem sempre dou o devido valor, tendo que me afastar para manter a sensação de que sou lembrada, e mesmo em momentos de tristeza, acreditar que fiz a diferença na vida de alguém. Preciso do álibi da dúvida para sentir que as coisas não estão bem porque já passaram.

No fundo tenho medo de mostrar o quanto as pessoas que estão presentes são especiais, medo que isso as afaste de alguma forma; só posso confidenciar o quanto as amo quando realmente estiverem longe, em um momento que eu não possa mais perdê-las, pois o tempo já se ocupou disso.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O abismo da corrupção


Triste, como alguém que não conhecia a regra para tal anúncio. E ali estava eu, diante de um corpo inerte. Ao lado, um buraco. Só um buraco foi suficiente para que a indesejada das gentes levassem a alma do executivo, do pai, do amigo, do esposo e do filho, tudo assim, em apenas um piscar de olhos e três metros de diâmetro.


Trinta e cinco anos, dois filhos, um amor, um trabalho. Três mil funcionários a sua espera, uma única reunião, a empresa, um obstáculo que não pôde ser desviado, o desfecho, um destino. Traumático destino, não dele, das autoridades responsáveis. Mas não, um trauma acarretaria uma consciência, um coração, o que existiu foram gélidos 32 milhões em verbas públicas sutilmente desviados. Um desvio inconsequente, uma consequência trágica. Aliás, uma não, várias.


Não é o primeiro nem será o último, foi apenas mais um. E o cenário se repete, alguns jornalistas, muitos curiosos, poucos realmente preocupados com a vida, ou com a falta de. O fotógrafo me chama, ali o trabalho está terminado. Só é um corpo, você já viu tantos!


Voltamos à redação, aqui a investigação começa. Uma colisão entre um Citroën C3 e um caminhão Volkswagem Modelo 14220 deixa uma vítima fatal e vários corações despedaçados, não há nada que mude o quadro ou que traga Roberto Silva de volta, isso mesmo, pasmem, ele tinha um nome, como tantos outros brasileiros que perdem suas vidas devido a omissão de pessoas que deveriam nos proteger. Afinal, para que serve um Estado e sua democracia? Para que pagamos impostos? De que adianta agora lamentar? Está sem jeito mesmo, “deixa como tá cumpade... o carnaval é mês que vem, ninguém vai lembrar mais”.


Mas jornalistas possuem fontes e, coincidentemente, do setor da administração pública surge a resposta: Oficialmente a rua está asfaltada, embora os moradores da localidade garantam que o buraco está ali há pelo menos dois anos e meio. Isso mesmo, dois anos, cento e oitenta e três dias e sete almas. Uma fórmula matemática nada agradável aos ouvidos do comando político que é muito pior que qualquer PCC.


Povo de memória fraca, com algum suborno no bolso esquerdo do paletó alugado e sete vidas esquecidas. O buraco, um abismo. Uma vida, outras tantas mais. Não foi coincidência! O executivo? Que executivo? O capitalismo dissipa as más lembranças, lembrar coisas tristes em tempos de carnaval não faz bem para os vivos. Os espectros já se foram por um tempo não muito longo. Tudo até que o próximo veículo esbarre em qualquer outra concavidade de uma rua asfaltada e que só os inteligentes podem ver.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Contradição


Sozinha como flor no deserto, sempre perdida em pensamentos, mas eternamente disposta a fazer aqueles que amo felizes. Só não sei como! Ah se eu soubesse... se eu pudesse fazer o que minha alma reclama.

Mostrando-me forte na fraqueza de sempre, andando em meio a espinhos. Corja de lobos... querem ver minha cabeça a prêmio. Não vai adiantar, não vão conseguir!

Estarei sempre me defendendo, embora não haja batalha, senão a que há dentro de mim. Busco refúgio neste mundo que não é o meu, onde ninguém vai entender o que sinto, o que eu quero falar e não consigo, mesmo que houvesse alguém para ouvir.

De qual galáxia eu sou? Por que me esqueceram aqui? Se não faço falta de onde saí, não farei mesmo em lugar algum. Mas posso ser o motivo do sorriso da criança, só naquele único momento, e a partir disto nada mais importará, o resto é resto.

Não vejo saída. Talvez uma, mas não posso sair agora. De todo jeito, deixem a porta aberta, não se sabe a hora, apenas ascenda a vela e siga, mesmo sem saber para onde. Eu posso não existir ou estar apenas sonhando, um sonho bem maluco, irreal demais para não ser real.


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009


“ …E quando o dia não passar de um retrato

Colorindo de saudade no meu quarto

Só aí vou ter certeza de fato
Que eu fui feliz

O que vai ficar na fotografia
São os laços invisíveis que haviam

As cores, figuras, motivos

O sol passando sobre os amigos

Histórias, bebidas, sorrisos
E afeto em frente ao mar.”


Fotografia(Leoni/Leo Jaime)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Razões

As mesmas razões que me fizeram acreditar no teu sorriso fácil, nas tuas palavras ingênuas, no menino que me faria feliz por toda uma vida. Que ironia... o menino tornou-se um homem que eu não conheço, alguém incapaz de perceber que será inesquecível.

Imortalizei o encanto que devotei a ti, o tempo nada é. Nada importa, se tu existes, só para que eu assim possa sentir tua falta, fechar os olhos e ouvir tua voz sussurrando baixinho as palavras que eu nunca mais quero ouvir.

“Depois de ti os outros serão sempre os outros”, ninguém é perfeito comparado à tua imperfeição, ninguém me fará sofrer como tu o fizestes, eu nunca irei amar, ou acreditar nesse sentimento, se não for oferecido ao meu, já que em nenhum momento existiu o nosso, mais belo sonho. Hoje já não falo da ilusão adolescente que outrora me magoou, me marcando por toda uma vida, não preciso mais mentir que é para ti que meus pensamentos voltam, quando todo o resto se perde no pó de um fracasso previsível.

A ti, minha mais doce ilusão, eterna realidade presente, dedico palavras repetidas, rabiscos tão patéticos como há tanto tempo não escrevia, devaneios tolos que a poucos mostrei, e o que importa agora se o mundo sabe? Se não é você que irá ler!

Na verdade não é que eu não acredite no amor, ele pode sim existir, mas não para mim, não quando tu não podes ser meu, mesmo que sempre seja, por mais que hesite, sei que lembra, tenho certeza. Quem não lembraria? Quem não associaria um ao outro em um lugarejo tão pequeno, onde existe o mais perfeito pôr do sol, onde o céu faz parar o tempo, onde as estrelas brilham mais, onde eu não volto, nada volta, não mais.

Quero meu tempo de volta, quero uma felicidade passageira que nunca vá embora, quero parar o filme no instante em que deitastes em meu colo e fechastes os olhos, no momento em que era só meu, de olhos fechados para o mundo, e os meus abertos para ti. Só você e nada mais.

E qual razão teria eu para amar-te? Realmente, nenhuma! Nunca acreditei nas juras destinadas a tantas, nunca pensei serem exclusivos os beijos sem sentimento que me davas, em nenhum momento tive a pretensão de achar que gostavas de mim ou que apenas sentisse falta do meu abraço, sempre falamos línguas tão diferentes... nunca entendias meus motivos, minha dor, meu sentimento, minha razão!

Mas por que terminar o textinho patético de uma iludida incurável, com palavras tristes? Por que não voltar à ilusão de que fui amada, por uma vez apenas? Às vezes precisamos mesmo de uma mentira, a única que nos faça viver. Pensamentos sem nexo, lembranças que vão muito além da lógica, coisas que só eu sei, só eu senti, só eu vivo.

Minhas razões, únicas, indecifráveis, inexplicáveis. Não sei para quê leram tamanha bobagem, mas se leram, me desculpem, não queria expor tanta idiotice, foi apenas uma forma que encontrei para dizer que minha razão ultrapassa os limites do tempo e da reciprocidade. Não importa que eu nada tenha, desde que possa ver-te feliz, mesmo que ao longe, longe demais para poder alcançá-lo um dia.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Quando serei eu mesmo o autor?

Li o texto de Fernanda Medeiros no site http://www.dominiocultural.com/ “Pensamentos suicidas”. Foi como uma bofetada no rosto e não pude deixar de refletir sobre minha própria vida. Comecei a perceber como sou inconstante, isso por mais seguro que eu me mostre, pensei também como as pessoas perdem ou ganham importância em minha vida de acordo com meu estado de espírito, ora quero tê-las por perto, ora essas mesmas pessoas tornam-se perfeitamente dispensáveis. Como sou insatisfeito, como nada basta, sempre falta alguma coisa ou alguém.

É verdade que nunca pensei na morte propriamente dita, mas devo assumir que já pensei “É só isso?”ou “Será que me dei o bastante?”, ou ainda, como disse Coco Chanel “Já não sou mais quem era, devo ser quem me tornei”. Mas o que será que me tornei afinal? Sei que questionar é extremamente saudável e pôr à prova o que acreditamos é necessário, porém não ter certeza de quase nada é um tanto quanto perturbador.

A internet, a rapidez da informação, a indústria cultural, os meios de comunicação de massa e tudo mais que acompanha essa pós-modernidade, provavelmente sejam os grandes vilões da minha história como indivíduo. A verdade é que vivo numa intensa luta contra tudo e contra todos, ou melhor, acho que tudo isso não passa de uma luta contra mim mesmo. São tantas identidades ofertadas a mim, tantas coisas me condicionando que, assim como nas crônicas de Clarice Lispector(1968) e de Martha Medeiros(2000) eu me pergunto: “E se eu fosse eu?”. Será que as pessoas que fazem parte de minha vida hoje teriam o mesmo valor, ou minhas respostas em relação à vida seriam as mesmas, esse texto que ainda nem terminei de escrever, teria o mesmo teor? Não sei dizer!

Tudo parece um grande espetáculo, minha vida tornou-se um imenso palco e, a todo tempo estou contracenando com alguém e numa espécie de rodízio vão mudando os atores e personagens: Vilões, heróis, mocinhos e mocinhas. Eu sempre interpretando, novos papéis novas falas e outros roteiros. E me pergunto:

Quando serei eu mesmo o autor?

  • Por Sílvio Melo.

Pensamentos Suicidas


Quanta mediocridade alguém que detesta a vida continuar a viver, enquanto tantos que a adoram morrem todos os dias, sem chance de defesa ou protesto. É notável que chega uma certa hora em que você pára e pensa, o que eu fiz de importante até aqui, será que algo valeu a pena, porque não eu, pra quê esperar mais, é só isso? Questões existenciais sem nenhuma resposta lógica, indagações perplexas, as quais sempre aparecem milhares de bons samaritanos dispostos a respondê-las e resolver sua vida num passe de mágica, com a promessa de um futuro promissor, de bens materiais e espirituais, de coisas ou seres que completem seu vazio interior, pois só pessoas vazias pensariam devaneios tão impuros.

Sob a ótica de criaturas realmente vazias, é esta a refutação de tais argumentos, o ponto chave. Apenas não há respostas nem perguntas, só delírios. E o estereótipo de humanos normais subjulga os que pensam diferente. A voz da razão cala a verdade do que todos pensam e apenas poucos têm a coragem de assumir, o medo da crítica e de olhares desconfiados intimida os fracos, que usam essa designação para os que falam sobre seus sentimentos.

Grande covardia não morrer na hora que se tem vontade porque alguns esperam que sejas forte, quando na verdade nada fazem para ajudar; sem levar em consideração a relatividade dos conceitos que se tem acerca de questões criadas para serem pensadas, não debatidas. Afinal, não é muito comum se ver pessoas admitindo já terem refletido a respeito de uma morte espontânea, e o que é pior, da sua própria morte, embora todos já tenham cogitado essa hipótese.

Há uma grande dificuldade em entender mentes tão complexas, de pessoas aparentemente parecidas, mas com temperamentos distintos. Uma sociedade que forma indivíduos capacitados para avaliar os incapazes, e outros sucessivos enganos que empobrecem a raíz de um possível elo de opiniões. Uma comunicação inativa, pois não ouve, apenas julga, não entende, só modifica, ou pelo menos tenta.

E quando sai no noticiário que o seu vizinho que você nem conhece suicidou-se com um tiro na cabeça, pobre coitado! Era apenas alguém egoísta que nem se quer tentou recorrer a ajuda dos outros, que tanto se preocupavam com o seu bem-estar.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Divergências

Um mundo tão complexo com um pensamento tão limitado. É isso que eu vejo! Não compreendo o motivo de tanta contradição, se toda ela representa para alguém uma verdade, e daí surge o grande problema, se para cada pessoa sua verdade for absoluta, onde ficam as diferenças? Quem aceitaria ver sua verdade contestada?


Todos somos diferentes, este é um fato inegável, e não importa cor, raça, religião, poder aquisitivo, todos estão condenados ao único desfecho que é possível nesta breve história. Por que tantas guerras em nome da paz e de Deus, se nós mesmos a fazemos. A que tipo de ser supremo você serve? Seria ele o responsável por tantas desgraças ou nós condenados por nossos próprios erros?

São tantas perguntas e tão poucas respostas, e mesmo assim há quem se encontre no direito de julgar e condenar os demais viventes deste mundo miserável, como se já não bastasse os problemas que temos, não, é preciso pensar mais, complicar mais. Não se pode simplesmente ser feliz, temos que mostrar aos outros o motivo desta felicidade, para que eles a contestem e a transformem em nada.

Não pretendo aqui manter um discurso tradicionalista conservador, nem tampouco radicalista, queria apenas de alguma forma mostrar minha indignação pelo sofrimento induzido a que se prestam os seres éticos desta sociedade, donos da verdade e do dinheiro, da moral e dos bons costumes, capazes de ditar regras para aqueles que não as conhecem e que mesmo assim vivem de uma maneira invejável, pois suas conquistas são reais e inabalávais, não sustentadas em ambição, inveja ou poder.

Parecem-lhes estes fragmentos confusos, e realmente o são, de uma mente que jamais irá compreender a razão, se é que em algum contexto deste assunto ela exista, para que tantos ainda discutam sobre assuntos tão banais, enquanto tantos outros morrem de fome, frio, enfermidades físicas e mentais, os quais nunca ninguém realmente se preocupou, afinal, são os outros, não somos nós, e esses só nos oferecem risco quando nos parecem livres e convictos, hábeis para enxergar a hipocrisia nos olhos de quem oferece a paz.